Júlio César tem números melhores do que Taffarel com a camisa da seleção brasileira
Defesas como as feitas no amistoso contra a Itália se tornaram comuns para Julio César na seleção brasileira. O goleiro tem um retrospecto respeitável. Em 30 jogos, só sofreu 19 gols, uma média de 0,63. Estatística superior ao do ídolo Taffarel, que durante a carreira teve uma média de 0,68 gol por jogo com a amarelinha.
Mas Julio César não parece satisfeito. E garante se esforçar ainda mais nos treinos. Apesar de para muitos comentaristas ter atingido o auge da carreira, o goleiro quer evoluir ainda mais.
- Preciso melhorar sempre. Estou muito feliz com o meu momento e sei que é muito mais difícil manter a boa fase. Quando você mostra a qualidade que tem, a cobrança aumenta. Você não pode relaxar nunca. Estou sempre querendo melhorar. Sei que nunca vou alcançar a perfeição, mas quero chegar o mais próximo possível dela.
No ano passado, Julio César quebrou o recorde de invencibilidade de Taffarel nas eliminatórias. O goleiro completou 492 minutos sem sofrer gol contra 401 do antigo goleiro na competição. O Brasil levou apenas quatro gols nas Eliminatórias, em dez jogos disputados. Apesar disso, Julio César procura manter a humildade. E respeita a sombra de Doni, goleiro do Roma, na seleção.
- Vivo um momento muito bom na minha carreira. E procuro sempre aproveitar as oportunidades. Mas não me considero titular absoluto da seleção. Sei que preciso provar a cada jogo que posso estar ali. A Copa do Mundo como titular é um sonho, mas procuro viver dia após dia e não pensar muito na frente. Sei que preciso continuar jogando bem e ter uma regularidade. Quando um jogador vive um momento bom, é sempre mais difícil porque ele precisa manter.
Prêmios individuais são difíceis
Apesar da ótima fase, Julio César sabe que é difícil ser lembrado para prêmios da Fifa. Os goleiros raramente são lembrados pela entidade na festa dos melhores jogadores do mundo. Apenas um goleiro, desde que a premiação foi lembrada, fez parte da festa: o alemão Oliver Kahn, que ficou com a Bola de Prata em 2002. Por isso, o ranking da Federação Internacional de Futebol, História e Estatística passa a ser o ponto de referência para apontar os melhores goleiros do mundo da bola.
- Acompanho o ranking de uma instituição (IFFHS) aqui da Europa. É o nosso prêmio. Em 2007, fiquei em nono. No ano passado, fui o sétimo. Não ligo muito para essas coisas, mas fico feliz em jogar bem e saber que sou reconhecido por isso. Para um goleiro é sempre muito mais difícil. A torcida quer ver é gol. O goleiro é o "estraga-prazer".
Neste domingo, o goleiro vai entrar em campo para o clássico entre Inter e Milan. O famoso derby de Milão. O Inter lidera o Campeonato Italiano e tem a melhor defesa da competição, com apenas 16 gols sofridos em 23 jogos. Uma vitória vai fazer o time abrir 11 pontos de vantagem sobre o rival e ficar muito perto do título. A disputa passaria a ser apenas com o Juventus, que atualmente está sete pontos atrás. Faltam 15 rodadas para o fim do campeonato.
- Vencendo, a gente dá uma arrancada para o título. Mas aí teríamos o Juventus ainda na briga. Falta muito campeonato pela frente. Mas a vitória em um clássico assim nos dá confiança - disse Julio César.
O goleiro garante não ter comemorado o desfalque de Kaká, que não vai disputar o clássico pelo Milan por estar machucado.
- Não posso desejar mal a ninguém. O Kaká é um grande jogador e faz falta não só para o Milan, mas para qualquer time do mundo. Na verdade, fiquei muito triste pelo que aconteceu com ele. Queríamos que ele estivesse com a gente na seleção para o jogo contra a Itália.
O goleiro sonha com a Liga dos Campeões
Aos 29 anos, Julio César está no futebol italiano há quatro anos. A adaptação foi difícil, mas teve a ajuda da esposa Susana Werner, que sabia falar italiano. Atualmente, o goleiro passa a maior parte do tempo livre curtindo os filhos Cauet e Giulia. Às vezes, gosta de praticar um pouco de golfe, um esporte que virou hobby nos últimos anos. Futevôlei só quando vem ao Brasil mesmo passar férias.
- Aí quero ficar o tempo todo na praia (risos).
O reconhecimento veio rapidamente ao deixar o goleiro Toldo, um ídolo na Itália, no banco. Apesar de ser titular, Julio César usa a camisa 12. O número 1, em homenagem, segue com Toldo mesmo na reserva. No total, Julio César já tem 151 partidas oficiais pelo Inter. E sete títulos pelo clube italiano: três Campeonatos Italianos, duas Supercopas da Itália e duas Copas da Itália.
- Quando se chega a um time como o Inter de Milão a gente sempre tem objetivos, quer ganhar cada vez mais. Eu gostaria muito de ganhar a Liga dos Campeões. É um título que o clube não conquista há muito tempo, e o nosso presidente quer muito.
Neste ano, Julio César terá mais uma chance de conquistar a Liga. O Inter está nas oitavas-de-final. Mas tem pela frente logo uma pedreira. O time encara o Manchester United, atual campeão do mundo, e do atacante português Cristiano Ronaldo, eleito pela Fifa o melhor jogador do ano passado. Mais um desafio para o goleiro.
- Eu almejo tudo para a minha carreira. Pode até não acontecer, mas trabalho para conquistar os títulos.